Usaram o Che Guevara para vender "escritórios revolucionários"
09:14
O revolucionário Che Guevara disse, certa vez: "Não podemos ter certeza de que temos algo pelo que viver a não ser que estejamos dispostos a morrer por isto". Provavelmente, ele não estava pensando em um espaço versátil e contemporâneo em Bristol, no Reino Unido, quando falou isso.
De acordo com um usuário do Twitter, um novo empreendimento de uso misto chamado The Cigar Factory (Fábrica de Charuto, em tradução livre) está usando a famosa imagem de Che (adicionando um charuto e óculos escuros) para promover seus escritórios e apartamentos. A chamada: "Um lugar revolucionário para viver e trabalhar".
Como era de se esperar, a propaganda não pegou bem e já causou alvoroço nas redes sociais.
O residente de Bristol George Rowland fotografou o outdoor e postou no Twitter, com o comentário "o pior material de marketing para porcarias de flats de luxo". O tweet viralizou, gerando mais de 11.000 likes e 4.000 retweets em 48h.
Esta empresa não é a primeira, nem vai ser a última, a usar uma representação iconicamente socialista/comunista em suas propagandas e achar que está passando a mensagem corretamente. Até a Mercedes Benz já usou o Che Guevara em uma divulgação de seu sistema de car sharing. Na época, o presidente da Mercedes discursou: "alguns ainda pensam que compartilhamento de carros é comunismo...se é esse o caso, viva la revolución". Acompanhando sua fala estava uma imagem de Guevara com o logo da Mercedes na boina.
Como a Mercedes bem aprendeu, o problema de usar uma figura tão polarizada é que gera revolta tanto nos seus simpatizantes quanto nos seus antagonizantes. No caso da Mercedes, houve relatos de que ativistas anti Fidel Castro protestaram contra o anúncio.
A fonte da imagem usada em ambos os casos é uma fotografia feita pelo famoso fotógrafo cubano Alberto Días "Korda" Gutiérrez. A foto já virou objeto de vários processos judiciais, tanto de Gutiérrez quanto de sua filha, sobre seu uso comercial em propagandas, inclusive em uma campanha da Smirnoff em 2001.
Não se sabe se a empresa do prédio obteve licença para uso da imagem, mas é improvável. E aí está o outro problema: além do impacto negativo que pode gerar, a campanha pode ir por água abaixo em função de uma briga de direitos autorais. Mas talvez hoje em dia viralizar na internet cause mais impacto do que a campanha em si, afinal de contas o fator "viral" traz uma lembrança de marca inalcançável por meios tradicionais. Será que foi esse o intuito? E será que valeu a pena? O que você acha?
Para continuar recebendo nossos conteúdos sempre em primeira mão, curta nossa página no Facebook.
0 comentários